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Justiça
embarga obra do 2º maior prédio residencial de SP
ONG acusa prefeitura de
autorizar projeto irregular; plano prevê 41 andares
Os apartamentos custam de R$ 420 mil a R$ 1,8 milhão; a
construção, localizada na zona oeste de São Paulo, está na
etapa da fundação
REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Justiça determinou liminarmente o embargo da construção
do segundo edifício residencial mais alto de São Paulo: o
Sky House. O prédio está previsto com 41 andares, 136 metros
de altura e está em fase de fundação na rua Carlos Weber,
663, na Vila Leopoldina, zona oeste da capital. Uma unidade
custa de R$ 420 mil a R$ 1,8 milhão. O prédio mais alto está
em construção no Brooklin, zona sul, e terá 137 metros de
altura.
Apesar de embargada, a obra
ainda não parou. A decisão judicial prevê multa de R$ 50
mil por dia de descumprimento da liminar. Operários
trabalharam normalmente ontem à tarde na terraplenagem do
terreno de 8.700 metros quadrados. No local serão construídos
228 apartamentos de alto padrão com quatro dormitórios de
duas ou quatro suítes.
O prédio está sendo construído
pela Kallas Engenharia e Empreendimentos Ltda., que disse não
ter sido notificada da decisão da juíza da 7ª Vara da
Fazenda Pública, Alexandra Fuchs de Araújo, que concedeu
liminar no dia 19. Isso porque a ação foi ajuizada pela ONG
Movimento Defenda São Paulo contra a Prefeitura de São Paulo
e a Wilke Comercial Administração e Participações Ltda,
antiga proprietária da área.
Na ação, os advogados da
ONG apontam quatro irregularidades no projeto apresentado pela
Wilke e aprovado pela prefeitura. A principal é com relação
ao coeficiente de aproveitamento da área, que estaria em
desacordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo.
A dúvida começou depois que
foi apresentado, em 2005, um projeto modificativo ao projeto
original, protocolado em 2002 pela Wilke. Na ocasião do
primeiro projeto, a lei de zoneamento em vigor estabelecia o
coeficiente igual a quatro para a região do empreendimento.
Ou seja, o limite da construção era de até quatro vezes o
tamanho do terreno.
Como a área do
empreendimento é 8.700 metros quadrados, a lei permitia na época
uma construção de até 34,8 mil metros quadrados, sem levar
em consideração a área não computável (subsolo e térreo).
Quando foi apresentado o
projeto modificativo, em 2005, a lei de zoneamento já havia
sido alterada, e o coeficiente foi reduzido para dois. Mas a
prefeitura manteve o coeficiente quatro, por se tratar de uma
alteração no projeto.
Porém, no entendimento do Defenda São Paulo, não houve
modificação, mas a apresentação de um novo projeto
completamente diferente. "A prefeitura não cumpriu a lei
em vigor", disse o advogado Marcus Vinícius Gramegna, da
ONG.
No entendimento da juíza,
somente o projeto protocolado no período de transição da
lei pode ser analisado com base nas regras do ano
correspondente ao protocolo.
O advogado também apontou
discrepância na altura do prédio. Segundo o Defenda São
Paulo, a prefeitura informou à construtora que a cota de
altura do terreno em relação ao nível do mar era de 738 m,
o que permitia um edifício de 100 m de altura. Já a
construtora informou ao 4º Comar (Comando Aéreo Regional)
que a cota era de 725 m em relação ao nível do mar, o que
permitia um prédio de até 133 m. O prédio, porém, está
previsto com 136 m. A autorização do 4º Comar é necessária
devido ao tráfego aéreo.
Outra suposta irregularidade
é o nível do térreo, que deveria estar um metro acima ou
abaixo do nível à frente do lote e está dois metros acima.
Segundo Gramegna, um lençol freático muito próximo ao solo
teria de ser rebaixado para que a fundação ficasse no nível
correto, o que oneraria a construção. Foi apontada por fim a
falta de estudo de impacto da vizinhança.
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