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União
de vizinhosfaz a força
DÉBORA
FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Muitas associações
e movimentos de bairro surgem contra a especulação
imobiliária. A associação de moradores do Jardim
da Saúde, por exemplo, conseguiu que a região
fosse tombada, barrando a verticalização.
"O tombamento valorizou os imóveis porque há
quem queira morar em casas sem ter de se mudar para
fora da cidade", diz a veterinária Paula
Nogueira, 43.
Para tombar uma região, há regras específicas. Em
São Paulo, elas são definidas pelo Conpresp
(conselho municipal do patrimônio histórico).
Como não há dispositivo na legislação que
proteja quem quer morar em casa, a Lei de
Zoneamento, cuja revisão está prevista para este
ano, regula a especulação.
"As associações devem exigir um zoneamento
mais criterioso", sugere a urbanista Regina
Monteiro, 50, do conselho do Defenda São Paulo.
Prédio expulsa
morador de casa
Incorporadoras forçam
venda de casas localizadas em terrenos atrativos para
o mercado
Renato
Stockler/Folha Imagem
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O aposentado
Rubens Grecco acha baixa a oferta pela casa que custou
30 anos de economias; segundo ele, construtora comprou
imóvel vizinho e ameaça demoli-lo
Prédio expulsa morador de casa
DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando as campainhas tocam em
bairros paulistanos que são a bola da vez da especulação
imobiliária, quem mora em casa já coloca a vassoura
atrás da porta para receber os compradores de
terrenos, mais conhecidos como captadores.
De acordo com moradores ouvidos pela Folha, na
abordagem dos captadores, a ameaça real de que o imóvel
se desvalorize com a potencial construção de um
espigão ao lado é acompanhada por mentiras.
Além disso, eles costumam oferecer pelo bem um valor
abaixo do de mercado.
"Ligam de três a cinco vezes por dia e falam,
citando nomes, que vizinhos já venderam, mas é
mentira, querem discórdia. Já dissemos que não está
à venda", relata o comerciante Paschoal
Dallanesi Júnior, 37.
O alvo dos captadores é a casa de sua avó, Maria
Dallanesi, 84, na Lapa (zona oeste). No mesmo bairro,
incorporadoras já transformaram quarteirões da rua Fábia
em "paliteiro" -como os moradores referem-se
aos edifícios que atrapalham a vista da serra da
Cantareira.
Outros bairros sob pressão imobiliária são Ipiranga
e Vila Mariana, na zona sul, e Tatuapé e Mooca, na
zona leste (veja mapa na pág. 2).
Segundo o advogado especializado em direito imobiliário
Luis Paulo Serpa, 38, o proprietário pode pedir na
Justiça indenização por dano moral.
"A pressão fere o direito de propriedade, mas não
é comum as pessoas entrarem com um processo porque é
difícil comprovar o assédio", pondera.
O advogado da ONG Movimento Defenda São Paulo, Marcus
Vinicius Gramegna, 34, recomenda exigir dos captadores
que se comuniquem sempre por escrito -a papelada pode
ser prova de abordagem que extrapole o limite.
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